domingo, 2 de maio de 2010

Prisma em reflexo ( Prisma Vazio)





O olho



Põe-se a vagar


Tateando a dança do ar


No espaço aqui encontrado;


Fleuma do olhar inerte e aquoso


Pérfido e soslaio, acompanha o vento,


Em que se faz presente em vão momento


Pavorosa lembrança, tempo a assolar.


Um vergel cinza e negro, de flores


Lúgubres. Prendem e ocultam,


Meus olhos estáticos.


Vidrados em fedo

Penar.

terça-feira, 27 de abril de 2010

À deriva

(Imagem: Autor desconhecido)



À deriva




Dos barcos e faróis,

Lembro-me pouco

Em meio as ondas brancas.

Velejavam para longe

Nesta ímpar bonança.

Nau frágil como nuvem,

É minha! Perde-se no mar!

Navega sem destino,

Sem bússola ou

Dos ventos a rosa.

Para além do sonhar!

 
                                                                                                                                    Anhangüera Araruna
 
 
Rio de Janeiro, 07 de Fevereiro de 2010.

Rio errante

(Imagem: Rio Letes, autor desconhecido)


Rio errante



Canção

nessa vida

que circunda,

de asilo o sonho.

Fulge no semblante

à escuridão, se opondo.

Surge no clarão d’alvorada

Brilhante essa estrela de prata,

Que afasta e deprime as lamúrias

De outros dias de obscuridade ingrata.

Canção de amor, langorosa e flamejante

Guarda-me da letargia qual se achava o peito,

E abandonava-me encarcerado em sinuoso álveo

Donde transbordavam incertezas de meu rio errante.






Anhangüra Araruna


Rio de Janeiro, 20 de Abril de 2010.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Amanhecer



Amanhecer




Já amanheço calado

Soterrado no pensar,

Esquivo-me do lume

Que invade os olhos.

Qual imagem passou?

Qual intrépido voar,

de adágios ecoou?

A razão os desconhece

tudo porque amanhece,

Onde, a lógica emigrou.





Anhangüera Araruna

Rio de Janeiro, 13 de Abril de 2010.

Poesia musicofílica








É uma dança de luz

Por entre notas dedilhadas

O som da natureza,

Que no violão se traduz

Num embalo transcendental

Que em suas cordas se traça.



É o fogo queimando a razão,

Andorinhas fazendo o verão,

O extirpar do negro fastio

Qual neblina, embaça a visão.



É um voar de seres livres,

Um gorjear de uirapuru,

O limiar do que amanhece

Ao que provém do negro azul.



O executar o som dos céus,

Que fustiga desesperança

Fulgura a beleza de criança.

Com um corisco aceso ao léu.


Anhangüera Araruna

Rio de Janeiro, 05 de Abril de 2010.